Consórcios de veículos crescem em todo o Brasil
Modalidade, que não possui juros, é indicada para a pessoa que não precisa do bem com urgência. Consórcio continua mais
vantajoso na comparação com o financiamento
Muito antigo, mas ainda não tão popular, o consórcio segue em ritmo de expansão. Entre janeiro e setembro de 2011 e 2012, 1,87
milhão de novas cotas foram vendidas e o número de participantes ativos do Sistema de Consórcios cresceu 10,9%, saltando de 4,57
milhões (setembro de 2011) para 5,07 milhões (setembro de 2012), segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de
Consórcio (Abac). De acordo com o especialista em finanças Reinaldo Domingos, o consórcio continua sendo mais vantajoso na
comparação com o financiamento, por possibilitar a compra planejada de bens a custos menores.
“O consórcio ganha de longe. Ele é muito mais vantajoso porque não tem juros, embora possua uma taxa de administração de 10% a
12% ao ano, além do fundo de reserva e do seguro de vida que geralmente vêm junto”, explica ele, lembrando que o consórcio é
apropriado para quem não precisa com urgência do bem.
“É importante lembrar que no consórcio, a pessoa pode ter que esperar até 10 anos, no caso de um imóvel, ou 36 meses para outros
bens, caso não seja sorteado antes ou faça um lance. No financiamento, o consumidor tem o bem no ato”.
De acordo com o Domingos, que também é autor de livros de educação financeira, o consórcio não deve ser encarado como
investimento, mas como um instrumento de disciplina financeira. Ele também alerta que o consumidor deve ter certeza de que quer
participar do consórcio por ser uma modalidade de longo prazo.
“Para quem não tem disciplina para guardar dinheiro mensalmente, o consórcio tem suas vantagens. Porém, a pessoa tem que ter
muita certeza de que quer entrar no consórcio e de que pode pagar as prestações. Porque caso se arrependa, vai ter que esperar até
o final do prazo para resgatar o dinheiro. A pessoa tem que fazer um diagnóstico, reunir a família e que os gastos vão ter que ser
reduzidos por um longo tempo”, aconselha Domingos.
O especialista em finanças faz os cálculos para demonstrar que o consórcio é mais vantajoso do que o financiamento. Segundo ele,
no consórcio, o consumidor paga até o prazo final um valor 40% maior do que o preço à vista do bem. Já no financiamento, a pessoa
pode desembolsar até 150% a mais.
“Em um imóvel no valor de R$ 100 mil, o mutuário vai pagar R$ 250 mil se fizer um financiamento. A pessoa tem que ter consciência
que está pagando juros. No consórcio, o consumidor vai pagar aproximadamente 140 mil, ou seja, 40% a mais. Isso por causa do
seguro, taxa de administração e da reserva”, explica o educador financeiro.
Apesar das vantagens, o presidente regional da Abac para o Rio de Janeiro, João Pedro Salomão, ainda diz que o consórcio é menos
conhecido do que deveria. De acordo com ele, existem hoje muitas possibilidades de consórcio e a maioria dos consumidores
desconhece as oportunidades.
“As pessoas conhecem consórcio de carros, motos e imóveis. Mas hoje há consórcios para cirurgias plásticas, prótese dentária e até
para compra de consultório médico”, conta Salomão.
O presidente regional da Abac ressalta que as pessoas ainda têm uma desconfiança da modalidade por conta de um histórico
passado de golpes. Porém, segundo ele, o setor hoje já é seguro para o consumidor e o consumidor também deve fiscalizar e não
acreditar em promessas muito vantajosas.
“Antes de entrar no consórcio, a pessoa tem que procurar o BC (Banco Central) e ver se a administradora é autorizada. Lá é possível
saber se a empresa tem muita reclamação. O consumidor também não deve acreditar em promessas de vendedores de que vai tirar o
produto com lance baixo”, alerta.
Salomão lembra que hoje existe uma lei que garante os direitos para consorciados e empresas. O setor é bem fiscalizado pelo BC.
Reinaldo Domingos também destaca a segurança do consórcio atualmente.
“Muitas administradoras quebraram, mas isso foi antigamente. O risco hoje é baixo. A regulamentação e até mesmo as auditorias do
BC e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) foram importantes para trazer mais credibilidade”, completa.
Outra preocupação dos consorciados diz respeito à inadimplência. De acordo com Salomão, o calote das cotas contempladas é de
3%. Já nas contempladas é de 20%.